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“É só a ponta do iceberg”, diz pesquisador sobre animais atropelados na estrada

“É só a ponta do iceberg”, diz pesquisador sobre animais atropelados na estrada

Levantamento aponta que a cada 100 km de rodovia, 40 tamanduás são mortos por colisão veicular /

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Filhote de tamanduá-bandeira não resistiu à colisão na MS-080, saída para Rochedo, próximo ao Detran (Foto: Direto das Ruas)
Leitores do Campo Grande News mandam todos os dias foto de animais que morreram vítimas de atropelamento nas estradas de Mato Grosso do Sul. Nesta terça-feira (26), a imagem de um filhote de tamanduá-bandeira morto na MS-080, próxima ao Detran (Departamento Estadual de Trânsito), chamou atenção de um ciclista.

“Fui fazer um pedal e achei o filhote de tamanduá morto. Chamei a PMA. Podiam alertar as pessoas para tomar cuidado com os animais depois do Detran. Ali tem registro de anta também”, alertou o leitor.

De acordo com o Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres), o impacto de cada animal morto é muito grande. “As rodovias diminuem a taxa de crescimento populacional em 50%. Provavelmente a mãe desse filhote também morreu. Pelo tamanho, ele tem uns três meses e deveria estar nas costas da mãe. Em uma pesquisa que fizemos constatamos que os animais feridos conseguem se arrastar de 600 metros até 1 km do local da colisão. Os animais na beira da rodovia são só a ponta do iceberg”, relatou o fundador e coordenador do projeto Bandeiras e Rodovias, Arnaud Desbiez.

A reprodução da espécie que é classificada como vulnerável à extinção é relativamente lenta. Além de uma gestação de seis meses, o filhote fica com a mãe por um longo período até conseguir criar independência. A previsão é de um filhote a cada ano.


Fundador e coordenador do projeto Bandeiras e Rodovias, Arnaud Desbiez, ao lado do corpo de Ty, o oitavo tamanduá-bandeira monitorado pelos pesquisadores que morreu por colisão veicular (Foto: ICAS)
Estamos muito preocupados. A pesquisa que fizemos constatou que a cada 100 km de estrada em Mato Grosso do Sul, 40 tamanduás morrem por ano. Além disso, esses animais do Cerrado estão ameaçados com a perda de habitat que é tão grande para a monocultura, aliada ao uso de agrotóxicos. Estão comprometendo o futuro da biodiversidade”.

No início do mês, Arnaud encontrou o oitavo tamanduá-bandeira monitorado com colares GPS pelo projeto morto, o Ty. “Desses oito animais, metade se arrastou para dentro da mata. A gente acompanhou o Ty para pesquisa durante três anos. Desde quando ele era um filhote. É muito triste, porque a gente pega carinho pelos indivíduos”.

O pesquisador não conhecia o ‘atropelômetro’ criado pelo programa Estrada Viva do Governo do Estado. O site disponibiliza dados com os pontos de atropelamentos. “Chamamos a BR-262 de estrada da morte. Vejo algumas concentrações na região de Aquidauana, mas era para ter muito mais. Em todas as estradas tem colisão. Vejo como positivo a iniciativa do governo, pois mostra que a gestão está começando a se preocupar com o tema. Não são só animais que morrem, mas pessoas. Isso é um problema de saúde pública. Por isso temos que continuar encorajando a ter medidas mitigadores”, destacou.


Mapa de notificação do Estrada Viva com registros de animais mortos nas estradas de Mato Grosso do Sul (Foto:Reprodução)
O mapa de notificações do Estrada Viva apontou algumas falhas nas anotações. Há pegadas que não possui sequer os dados do mamífero que foi visto na notificação. O Governo do Estado informou à reportagem que neste ano foram registrados 595 animais mortos em rodovias, sendo a maioria na MS-040. Vale destacar que a PMA (Polícia Militar Ambiental) também foi procurada para o levantamento de dados, mas a assessoria de imprensa informou que não faz esse tipo de contagem.

Fonte: Campo Grande news

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