Azambuja pode ser preso se conversar com filho na sede da PF
As propinas foram pagas por meio de doação eleitoral para a campanha de 2015
O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), pode ir preso se conversar com o próprio filho, Rodrigo Souza Silva, de 29 anos, que teve a prisão preventiva decretada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), dentro da sede da Polícia Federal, onde ambos estão nesse momento prestando depoimento por conta dos desdobramentos da Operação Vostok, deflagrada na manhã desta quarta-feira (12).
No despacho do ministro Félix Fischer, é mencionado que Azambuja está proibido de se comunicar com os demais investigados, testemunhas, colaboradores e servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sob risco de ser autuado pelo artigo 319 do Código de Processo Penal.
O governador e seu filho chegaram por volta das 14h45 em um carro preto. Eles entraram com o veículo no estacionamento do prédio e entraram por uma porta lateral, sem contato com os jornalistas.
O governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), também é um dos investigados. Equipes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de Azambuja e na Governadoria, documentos foram levados dos dois locais.
Mandado de busca e apreensão também foi cumprido na casa do filho de Azambuja, no gabinete do deputado Zé Teixeira (DEM), na Assembleia Legislativa e na casa do empresário João Baird. Até o momento, apenas cinco dos 14 alvos estão presos na sede da PF, entre eles Teixeira, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Márcio Monteiro e o pecuarista, dono da Fazenda Pena Rojas, Francisco Freire.
Azambuja não tem mandado de prisão e durante apreensão de documentos, o governador não estava em Campo Grande, ele cumpria agenda de campanha no interior do Estado. O Correio do Estado revelou que Polícia Federal disse que governador "não teve sua prisão solicitada, por causa dos “prejuízos sociais e econômicos” que o Estado poderia sofrer."
Veja a lista dos outros nomes, alvos de mandado de prisão:
Rodrigo Souza e Silva
Ivanildo da Cunha Miranda
João Roberto Baird
José Ricardo Guitti Guimaro
Nelson Cintra Ribeiro
Miltro Rodrigues Pereira
Rubens Massahiro Matsuda
Marcio Campos Monteiro
Osvane Aparecido Ramos
Elvio Rodrigues
Antonio Celso Cortês
Zelito Alves Ribeiro
Francisco Carlos Freire de Oliveira
José Roberto Teixeira
Investigação
As investigações tiveram início neste ano, e tiveram como ponto de partida delação de empresários do grupo JBS. A ação envolve 220 policiais federais que cumprem 220 mandados de busca e apreensão, 14 de mandados de prisão temporária em Campo Grande, Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes da Laguna e na cidade de Trairão (PA). Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O inquérito da PF apontou que até 30% dos créditos tributários (incentivos fiscais ao grupo JBS) eram revertidos em proveito do grupo, que os policiais federais chamam de “organização criminosa”. O prejuízo com a isenção de impostos chega a R$ 200 milhões, aponta a Polícia Federal. A Operação da Polícia Federal foi denominada “Vostok”, o mesmo de uma estação de pesquisa da Rússia na Antártida e, segundo a PF, tão fria quanto as notas utilizadas para lavar a propina da JBS.
Dinheiro em espécie e doação eleitoral
As propinas foram pagas por meio de doação eleitoral para a campanha de 2015, e também em espécie, nas cidades de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), em 2015.
Elvio Rodrigues, um dos presos na operação, conforme apuração, emitia “notas frias” para “esquentar” a propina repassada pela JBS ao grupo. Élvio é o mesmo produtor rural que, neste ano, teve autorizada pela Justiça a devastação de mais de 20 mil hectares de mata nativa do Pantanal, na Fazenda Santa Mônica. Na ocasião, o governo valeu-se da Procuradoria Geral do Estado para atuar em processo raro, em favor de Rodrigues.
Deputado e conselheiro
Márcio Monteiro, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul, ex-deputado federal pelo PSDB, e secretário de Fazenda durante quase toda gestão Azambuja, é um dos alvos de mandado de prisão, por envolvimento no esquema de propina. O deputado estadual Zé Teixeira, é outro alvo. Ambos já estão presos.
Operação paralela
No bojo da ação de hoje, foram cumpridos, ainda, três mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Estadual do Mato Grosso do Sul, no interesse da Promotoria do Patrimônio, cujo objeto vincula-se aos fatos investigados pela Polícia Federal.
Por: Correio do estado